quarta-feira, 10 de outubro de 2018

PSDB e o chora me liga eleitoral

O outrora poderoso PSDB colhe em 2018 seu pior resultado eleitoral. Constituiu-se durante as últimas décadas, apesar do programa político de esquerda social democrata, em força da direita nacional, em parte por políticas, em certa medida liberal, nos governos FHC e no estado de SP e mais pela ampla demonização pela máquina de mídia esquerdista.

Comportou-se em todo o período como a alternativa dócil e moderada ao petismo, com o qual tinha divergências, mas nunca oposições. A falta de convicção impediu até mesmo vitórias em situações amplamente favoráveis, 2006 - auge do mensalão e 2014 - crise instalada. Embora no voto municipal de 2016, tenha emergido como grande vitorioso - marcante ascensão política de João Dória e aumento substancial no número de prefeituras pelo país - experimenta agora grosseira redução.

Ocorre que o partido concentrava eleitores que não necessariamente concordavam com o projeto partidário. Aécio em 2014, dezenas de deputados e senadores pelo país beneficiavam-se do antipetismo, tiveram votações expressivas, mas não representavam, de facto, os anseios e ideários da população.

O surgimento de uma alternativa conservadora e liberal, capilarizada, com efetiva chance de vitória derreteu o partido nacionalmente. Seu eleitor tradicional preferiu, sem pensar duas vezes, em candidatos com posicionamentos autênticos, bem mais identificados com seu pensamento majoritário.

O PSDB se apaixonou pelo seu eleitor do passado. Acreditou na ilusão do amor, creu que se projetaria além do fenômeno Bolsonaro, sairia gigante nos estados, mas, parafraseando a célebre música do Chora me Liga, o eleitor sempre avisou, que era só para ficar, a paixão era por uma noite e logo teria fim.

Aguarda resultados em estados importantes, mas com quadros que pouco representam o ideário tradicional do partido. O antigo beija mão aos velhos caciques e dinastias - FHC, Montoro, Covas, Richa - parece anêmico. Os novos não parecem presos a legenda, sujeitos a pular para outros galhos se surgirem novos caminhos.

A noite parece ter chegado ao fim. Ao partido, resta chorar e ligar para o seu ex-eleitor.
O problema é justamente a última estrofe da música, a reposta do eleitor:
Quem sabe um dia ele volte a te procurar.


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