terça-feira, 27 de novembro de 2018

O que é que a França tem?

Abrindo um pouco espaço para um de meus temas preferidos, vinhos!

No mundo são milhares de grandes vinhos, mas nenhum um país produz tantos ícones quanto a França. Sempre me intrigou por que os vinhaços florescem por lá e todas as suas regiões são tão famosas. Achei algumas respostas, vamos lá:

Natureza:
As uvas exigem algumas condições específicas para que produzam grandes vinhos. No planeta, a maioria das regiões produtoras está em paralelos de climas temperados, períodos de insolação regulares ao longo do ano, índices pluviométricos previsíveis. A França, por definição, tem todas estas características. Suas áreas produtoras estão posicionadas principalmente do centro ao sul do território, em encostas montanhosas ao longo de cursos dos rios, como Bordeaux, Borgonha e Rhone. Mesmo áreas de clima mais frio, como Champagne e Alsácia conseguem manter algumas dessas características e são especializadas em vinhos brancos secos ou espumantes, que tradicionalmente, são produzidos em condições mais flexíveis que os tintos.
O solo das regiões produtoras também é especial - segmentos argilosos e graníticos predominam, irrigados por cursos hídricos profundos, o que acaba por concentrar o açúcar das uvas, o que é ideal para a produção de vinhos.

Knowhow:
Ao longo dos séculos de produção, as técnicas foram aprimoradas, desde o plantio até a comércio. Uma série de tecnologias foi criada pelos franceses, como maneira de se misturar o gás carbônico ao líquido à Champagne. As uvas mais utilizadas, em gigantesca maioria tem nomes franceses - Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot - selecionadas em lentos anos até atingir pleno potencial. Destaco a Cabernet Sauvignon, um cruzamento artificial entre as variedades Sauvignon Blanc e a Cabernet Franc, tida antigamente como muito pesada e forte para vinhos.

Política, economia e história:
A cultura do vinho vem desde os tempos da Mesopotâmia, mas seu desenvolvimento e refinamento se deram na Europa, sobretudo na idade média, quando monges e pequenas comunidades cultivavam as vinhas para os cerimoniais e foram aos poucos aprimorando cada detalhe. Após a queda do império Romano, em 476, a França já majoritariamente católica ficou em relativa estabilidade sob o reino dos Francos. Portugal e Espanha ainda eram segmentados em reinos bárbaros, a Itália era dividida em territórios papais e pequenos estados independentes e a Alemanha um conjunto de reinos e burgos sem sinais de unificação. Após a coroação de Carlos Magno em 800, a região seguiu por séculos como o principal estado católico, tendo em seu território grandes comunidades e vilas que mantinham o cultivo da bebida.
O vinho francês já era tido como superior, mas já ganhava o velho mundo quando o casamento de Eleanor de Aquitânia e Henrique Plantageneta, em 1152, trouxe ao trono inglês ao ducado da Aquitânia, que incluía a já famosa área de Bordeaux. Desde desses tempos o mercado inglês já mirava os goles na qualidade francesa.
O avanço das navegações na idade moderna tornou o vinho francês um importante produto comercial, o que também levou a uma maior especialização e atenção a produção, ao passo que nos outros países, a vinicultura era apenas para consumo e quase nada refinada. Os chateaus viraram marcas, cases de sucesso de séculos!

O vinho francês é a estrela do mundo do vinho. É a tradição a que todos se curvam e na qual se espelham. O prestígio criado em séculos passa por recomendações de Louis XIV, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e Winston Churchill. Cada taça que podemos tomar é um mergulho na história e nas melhores tradições da nossa civilização!



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