quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Notas da semana

1. Corrida Presidencial:
Um campeonato mata-mata, primeiro jogo fora, 4x0 para o visitante. Agora, estamos no segundo jogo em casa, nuns 35 minutos do segundo tempo. Dá para virar?
Até é possível... mas...
Haddad é agora um cadáver insepulto. Sua candidatura carece, desde o início de substância. Traz idéias apenas que agradam aos seus próprios militantes. Eleitoralmente, tem o recall dos anos do boom econômico do governo Lula. Só. Não consegue transpor essa população, o que Dilma, não exatamente uma pessoa capaz, fez. Naquele momento, havia essa substância, uma agenda a ser defendida - muito embora boa parte da real situação, sobretudo financeira, do país foi abjetamente e convenientemente escondida.
O grito de Cid Gomes é seu brado de independência. O senador e o ghost writer (talvez ghost talker), Ciro, veem um nicho para sobreviver e tentar voos mais altos no futuro.
Bolsonaro segue o jogo seguro. Aplainou o discurso, busca os temas nas áreas em que se sente bem, usa da sua enorme influência na internet e percebeu, principalmente, que Haddad não tem discurso, usa as mesmas estratégias de desconstrução usadas no primeiro turno e tenta, emular certo Bolsonarismo, que não engana ninguém.
Ir a debate, nesse momento é tentar um gol olímpico. Se der certo, todo mundo lembra, é história. Se der errado, pode dar contra-ataque. Alguns torcedores até vão reclamar da falta de vontade marcar gol, os críticos dirão que é retranca. Mas a maioria prefere mesmo a ser campeão, ainda que jogando feio.

2. Corridas Estaduais:
A onda pelo novo e contra o fisiologismo pusilânime parece encaminhar Minas e Rio. Candidaturas que representam o melhor do mais do mesmo parecem sucumbir a propostas diferentes que, de fato, são inéditas.
Em SP há promessa de adrenalina até o final. Fosse o embate entre Dória e Skaf, o primeiro já teria seu caminho pavimentado. França, embora carregue seu partido, co-fundador do foro de São Paulo, e um histórico de esquerda, não é visto pela população desta forma. Destaco ainda que ao contrário dos demais velhos políticos, parece dominar melhor estratégias de persuasão e comunicação. Sua estratégia de se apresentar como novo - ninguém lembrava dele mesmo - e de explorar ao máximo a dita "falta de palavra" e oportunismo de Dória parece funcionar.
Dória também vai bem, mas perdeu um pouco do encanto de 2016 e não pode usar com a mesma intensidade, seu mantra, o João Trabalhador/acelerador/gestor. Na prefeitura, em alguns momentos, afagou a esquerda e sua clara tentativa frustrada presidencial o deixou com um bela cicatriz de politiqueiro, a moda antiga.
Tenho a impressão que a etiqueta petista não cola tão bem em França quanto a de oportunista em Dória.
O debate será decisivo. Uma tirada eficiente de qualquer um dos dois pode definir.

3. Nova legislatura:
Já pipocam nomes e articulações para o controle do congresso. Nesse momento, acho muito falatório, pouco fato. Os caciques ainda não entraram em cena. Articulam muito, mas nada do que é real ainda é público.
Bolsonaro tem no antecedente de Trump uma preocupação. O deep state, cargos públicos não eleitos, embutidos nas cadeias fisiológicas e corruptivas do poder, não cederá, lhe será a mais desafiadora das oposições. Para aplicar sua agenda, precisará do congresso. Sua experiência como deputado contará. Há boas razões para crer em um articulação com algum candidato menos identificado com o executivo, mas palatável a militância conservadora/liberal. Impor um candidato, sobretudo um muito crítico aos velhos políticos poderia instigar mais oposição, desnecessariamente.
Kim Kataguiri faz bem seu jogo. Lança seu nome a presidência da câmara. Se levar, inicia uma consagração. Se perder, não sai derrotado, por que sua atitude já era ousada mesmo. Há, contudo, um obstáculo - secções dos novatos são ligados ao MBL, liderado por Kim. Na eventual disposição de um candidato apoiado pelo governo e Kim, qual seria o voto? Seria o primeiro racha de uma nova bancada?                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

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